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Foto: divulgação

Por: Dra. Ana Carolina Ceresani, médica ginecologista

Muitas vezes no consultório médico, checando os exames de rotina, nos deparamos com o seguinte achado de exame: ovário com aspecto micropolicístico. Então imediatamente a paciente pensa que possui ovários policísticos. Um ovário de aspecto policístico não necessariamente pode ser um sinal de SOP: a síndrome de ovário policístico. Uma cadeia de sinais e sintomas que interfere na vida feminina mas que tem tratamento adequado se diagnosticado adequadamente.

A síndrome dos ovários policísticos (SOP) afeta em torno de 10% das mulheres em idade reprodutiva e é a principal causa de infertilidade por anovulação. A fisiopatologia não é bem clara, mas o gatilho parece ser a hiperinsulinemia, com aumento da produção de androgênios pelas glândulas suprarrenais e/ou pelos ovários.

Os principais sintomas e o que define o diagnóstico de SOP são a presença de irregularidade menstrual na idade reprodutiva , hiperandrogenismo ( produção aumentada de androgênios) e visualização ecográfica de ovários com padrão policístico. A síndrome apresenta, ainda, forte relação com a obesidade (à custa do hiperandrogenismo), com a síndrome metabólica e com a dificuldade para engravidar (à custa da anovulação).

Recentemente, tem sido reconhecido que a SOP pode ser acompanhada de hiperinsulinemia, aumento do colesterol , diabetes do tipo II, obesidade e, possivelmente, doença cardiovascular. Atinge cerca de 6 a 12% das mulheres em idade reprodutiva, podendo ser mais prevalente em determinados grupos de risco (obesas, anovuladoras, DM I e DM II, adrenarca precoce e história familiar de primeiro grau de SOP)

Os objetivos do tratamento da SOP devem seguir esses critérios:

■ melhorar os sintomas do hiperandrogenismo (aumento exagerado de pelos, acne, perda de cabelo);

■ manejar as alterações metabólicas e reduzir os fatores de risco para DM II e doença cardiovascular;

■ indicar a contracepção para as mulheres que não desejam gestar;

■ induzir a ovulação nas mulheres que desejam gestar;

■ indicar mudanças nos hábitos de vida, perda de peso e exercício físico.

Alguns estudos mostram que obesidade piora significativamente a resistência insulínica, o hiperandrogenismo e a infertilidade, ou seja, os sintomas da SOP. A redução de 5 a 10% do IMC restabelece a função reprodutiva em pelo menos 50% das mulheres , e essas medidas, por si só, fazem com que muitas pacientes passem a apresentar ciclos ovulatórios.

A obesidade aumenta a resistência aos indutores da ovulação e o risco de abortamento, aumenta o custo e reduz o sucesso dos tratamentos. Ou seja, um dos principais tratamentos para sop se resume em redução de peso e mudança do estilo de vida.

Para mulheres com desejo de engravidar, os médicos devem orientar sobre os riscos e benefícios, além disso podemos estimular a ovulação com medicamentos adequados  e associar com metformina hipoglicemiante oral usado para o tratamento de DM, com resultados positivos para ovulação e perda de peso. A fertilização in vitro é indicada nos casos de falta de resposta aos indutores da ovulação, e falha nas outras alternativas.

Lembrando sempre que o diagnóstico de sop é clínico e deve ser realizado dentro do consultório médico. Uma vez realizado o diagnóstico, o tratamento da SOP deve atender a necessidade da paciente: restaurar a função menstrual, corrigir as alterações metabólicas, tratar a acne e o aumento de pelo excessivo, tratar a infertilidade. A mudança de hábitos e estilo de vida é fundamental nesse manejo.

Consulte sempre o seu médico!