Novo carro-chefe de medalhas do Brasil nos Jogos de Tóquio recém encerrados, com três pratas conquistadas, o skate está no centro das atenções e desperta interesse em todos os cantos do Rio. Seja para o lazer ou para fazer escolinha. Em meio à onda de conquistas vindas do Japão, as vilas olímpicas espalhadas pela cidade são termômetros do aumento da procura e da oferta desse esporte. A do Encantado, na Zona Norte, que oferece aulas para crianças e adolescentes, já observa o número de inscrições crescer.
Já as vilas da Gamboa, na região central, e de Acari, na Zona Norte, planejam criar novas turmas. Atualmente, há cerca de 50 alunos, entre os quais 40 meninas, na vila do Encantado. Deste total, dez entraram somente nesta semana, diante da consagração dos medalhistas olímpicos Kelvin Hoefler e Rayssa Leal, no estilo street, e Pedro Barros no, park.
Professor da Vila Olímpica do Encantado desde 2020, Antonio Breno trabalha com skate há 20 anos e está feliz da vida com a nova febre na cidade. “O skate brasileiro sempre foi muito campeão. Vencemos muitos mundiais. A olimpíada veio para mostrar isso”, disse Tio Breno, como é chamado pela garotada. “O mundo precisava conhecer a cultura do skate. Chocou muito o fato de a gente torcer para quem está competindo conosco. Nos outros esportes não se vê muito isso. No skate, há essa cultura de querer evoluir junto”.
O amor pelo esporte realmente não tem idade. Com apenas 4 anos, Elisa de Freitas Messias, a “Minnie”, chama a atenção dos frequentadores do Parque Madureira pelo tamanho e desempenho nas manobras. Sempre acompanhada dos pais Leidiane Messias e Gilson Freitas, a pequena brinca e se diverte na pista.
Com 1 ano e 10 meses, Elisa ganhou um patinete e logo começou a praticar. Ganhou confiança e o pai a incentivou a andar em seu skate. Foi paixão à primeira vista, contou Gilson. “Meu coração fica acelerado, palpitando forte a cada descida de skate e de patinete também. Mas, ao mesmo tempo, sinto uma vibração tão forte quando vejo a alegria dela e o seu belo sorriso estampado no rosto. Fico feliz quando ela consegue fazer o percurso e as manobras corretas do jeitinho dela”, afirmou a mãe coruja.
A medalha de prata da Rayssa Leal, de 13 anos, ajuda a inspirar outras meninas. Manuela Pereira de Nonno, de 10 anos, é fã do esporte que pratica com frequência em Niterói e de vez em quando nas pistas do Rio, como a do Aterro. Ela já disputa e vence alguns campeonatos e alimenta o sonho de viajar o mundo todo “competindo, gravando vídeo e tirando foto”.
“Todo mundo que pratica esporte quer um dia participar de uma Olimpíada. Seria muito bom representar o meu país e o skate feminino. Depois que a Rayssa ganhou a prata, várias meninas começaram a andar. Isso é bem legal, vai expandir mais. A fadinha (apelido da Rayssa) sempre foi um fenômeno”, comentou Manuela.
Locais públicos para praticar
Há dois meses, as secretarias de Esportes (SMEL) e da Juventude do município já tinham fechado um acordo prevendo uma reunião mensal com a Federação de Skate e integrantes de coletivos do esporte na cidade do Rio para atender a demandas dos praticantes da modalidade. Além disso, a SMEL atua em parceria com outros órgãos municipais na vistoria e manutenção de outras pistas da cidade.
A do Maracanã teve a iluminação trocada recentemente e a do Cocotá Skate Park, na Ilha do Governador vai ganhar melhorias. A pista da Lagoa reabriu reformada, em 8 de agosto. Em breve, o mesmo ocorrerá com a do Parque Garota de Ipanema.
Outros locais para a prática de skate são o Parque de Madureira, Bowl do Rio Sul, Tanque, Mini Ramp do Méier, Pista do Recreio, Pista do Estácio, DUÓ Skatepark (Praça do Ó, na Barra) e Guilherme da Silveira (Bangu).
Fotos: Alexandre Macieira e Isabel Rudgero