Por Claudia Mastrange
O nome da Fundação Oswaldo Cruz tem se tornou habitual aos nossos ouvidos e pauta diária no noticiário, em meio a esses quase dois anos de pandemia. E não é para menos. A instituição é a responsável pela fabricação, no Rio, da tão sonhada vacina contra o coronavírus. A Fiocruz já entregou ao Programa Nacional de Imunização, até o último dia 06 de agosto, 77,5 milhões de doses da vacina AstraZeneca produzidas em seus laboratórios. Em seus 122 anos de existência, a fundação desenhou uma trajetória irrepreensível e de fundamental importância para o desenvolvimento da saúde pública no país.
A história da Fiocruz começou em 25 de maio de 1900, com a criação do Instituto Soroterápico Federal, na bucólica Fazenda de Manguinhos, Zona Norte do Rio de Janeiro. Inaugurada originalmente para fabricar soros e vacinas contra a peste bubônica.
Pelas mãos do jovem bacteriologista Oswaldo Cruz, que inclusive desenhou o castelo a ser construído, o Instituto foi responsável pela reforma sanitária que erradicou a epidemia de peste bubônica e a febre amarela da cidade. E logo ultrapassou os limites do Rio de Janeiro, com expedições científicas que desbravaram as lonjuras do país. O Instituto também foi peça chave para a criação do Departamento Nacional de Saúde Pública, em 1920.
Durante todo o século 20, a instituição vivenciou as muitas transformações políticas do Brasil. Perdeu autonomia com a Revolução de 1930 e foi foco de muitos debates nas décadas de 1950 e 1960. Com o golpe de 1964, foi atingida pelo chamado Massacre de Manguinhos: a cassação dos direitos políticos de alguns de seus cientistas.
Mas, em 1980, conheceu de novo a democracia, e de forma ampliada. Na gestão do sanitarista Sergio Arouca, teve programas e estruturas recriados, e realizou seu 1º Congresso Interno, marco da moderna Fiocruz. Nos anos seguintes, foi palco de grandes avanços, como o isolamento do vírus HIV pela primeira vez na América Latina.
Já centenária, a Fiocruz desenha uma história robusta nos primeiros anos do século 21. Ampliou suas instalações e, em 2003, teve seu estatuto enfim publicado. Foi uma década também de grandes avanços científicos, com feitos como o deciframento do genoma do BCG, bactéria usada na vacina contra a tuberculose.
Acervo ao alcance de todos
Com um acervo inestimável, a Fundação dispõe de material bibliogáfico em espaços físico e virtual. As bibliotecas físicas são organizadas em rede integrada entre as bibliotecas localizadas no Rio de Janeiro, em Salvador, Belo Horizonte, Manaus, Recife, Brasília e em diversos centros de documentação. Já as bibliotecas virtuais em saúde (BVS) reúnem publicações de várias instituições e redes acadêmicas, organizadas por temas.
Além das bibliotecas, o acervo acadêmico da instituição também está acessível e reunido em dois ambientes virtuais: um é o Repositório Institucional (ARCA) e outro é a Base de Teses e Dissertações.
Dentro da instituição, há ainda a Casa de Oswaldo Cruz, que abriga o Museu da Vida e o mais expressivo acervo sobre a história da saúde brasileira. Seu objetivo é despertar o interesse de crianças, jovens e adultos por temas e atividades voltadas para a saúde, ciência e tecnologia. da. Neste foco, são realizados jogos, peças teatrais e exposições temporárias e permanentes.
Com tudo isso, a Fiocruz tem uma trajetória de expansão, que ganhou novos passos nesta segunda década, com a criação de escritórios como o de Mato Grosso do Sul e o de Moçambique, na África. Um caminho que se alimenta de conquistas e de desafios sempre renovados. Excelência que é um orgulho para o Rio e o Brasil.
Fotos: Acervo FOC