Dois alunos disputam o ponto final do acirrado jogo de basquete na escola. Um deles, gentilmente, ajuda o colega a fazer cesta, dando à equipe oponente a vitória. Longe de se configurar erro tático, o aluno marcou vários pontos nos quesitos inclusão, generosidade e companheirismo. O colega é uma pessoa com Transtorno do Espectro Autista (TEA), e a cena ocorreu, e se repetiu, em várias modalidades dos Jogos Inclusivos Cariocas, que terminou nesta quinta-feira (20) com um grande festival no Velódromo do Parque Olímpico.
A cooperação entre alunos, independente de time, equipe, é resultado do programa Escolas Unificadas, desenvolvido desde agosto em mais de 100 unidades da rede municipal do Rio de Janeiro com alunos da Educação Infantil ao Fundamental II. A metodologia trata o esporte como ferramenta de inclusão, com práticas esportivas unificadas, ou seja, participam alunos com e sem deficiência, física ou intelectual, sem caráter competitivo. Todos ganharam medalha de ouro. O projeto é uma parceria da Secretaria Municipal de Educação com a Olimpíadas Especiais Brasil.
“Temos essa dimensão de um jogo olímpico carioca por conta do número de participantes e escolas envolvidas. Mas não é uma proposta de competição, é de aprendizado, tanto para os alunos incluídos, quanto para os que não são público-alvo da educação especial. É um processo pedagógico de amadurecimento da própria rede” explicou Adriano Giglio, subsecretário de Ensino da SME.
Participaram do evento de encerramento mais de dois mil alunos de 70 escolas, divididos em dois turnos (manhã e tarde), num dia dedicado aos esportes em equipe e individuais, como vôlei, atletismo, futebol, handebol.
“Esse encontro é importante porque nós estamos há mais de dois anos esperando por eventos esportivos presenciais. Então agora que nós pudemos juntar tantos jovens nesse evento, eu só consigo expressar gratidão”, afirmou Tom Goman, presidente da Olimpíadas Especiais.
ESPORTE É FERRAMENTA DE INCLUSÃO NA EDUCAÇÃO ESPECIAL
Gutemberg Ferraz tem uma trajetória de sucesso no esporte, e a caminhada do campeão da Maratona Aquática das Olimpíadas Especiais de 2019 começou na Rede Municipal de Educação. Assim como foi para Guto, as atividades esportivas servem como um caminho para a inclusão de outros alunos público-alvo da educação especial.
“Eu comecei na Escola Municipal Vitor Meireles, com a professora Isabel. Ela me levava para a natação, e na escola eu jogava futebol, handebol e basquete. Sempre pude participar, sempre tive esse apoio da minha escola, e isso foi muito bom para mim, me incentivou a ser atleta”, comentou o nadador, que esteve nesta quinta-feira no Velódromo da Barra para acender a tocha simbólica dos Jogos Inclusivos.
Foto: Ana Clara Schwartz / Prefeitura do Rio