Uma cerimônia na manhã desta sexta-feira (12/11) marcou o início das obras nas fachadas e telhados do Museu Nacional, na Quinta da Boa Vista, em São Cristóvão. A reforma do museu, que sofreu um incêndio há três anos, é uma iniciativa do Projeto Museu Nacional Vive, resultado de uma cooperação técnica entre a UFRJ, UNESCO e o Instituto Cultural Vale.
“É um dia muito importante porque estamos a praticamente 10 meses do bicentenário da independência do Brasil. E o Museu Nacional, a Quinta da Boa Vista, o bairro imperial de São Cristóvão são o epicentro da presença da família real portuguesa no Rio. Dar início a essas obras é muito importante para o renascimento do museu – disse o secretário de Planejamento Urbano, anunciando que, no momento, várias secretarias e empresas públicas elaboram, em conjunto, um grande plano de conservação para a Quinta da Boa Vista.
O Projeto Museu Nacional Vive tem realizado, desde 2020, ações como a reforma e ampliação da Biblioteca Central do Museu, a implantação do Campus de Pesquisa e Ensino e a proteção de elementos artísticos e históricos do Paço e do Jardim das Princesas. Agora, avança para a fase de obras no Palácio.
“Neste momento histórico, agradeço à Diretoria do Museu Nacional e ao Comitê Executivo do Projeto Museu Nacional Vive pelo trabalho incansável em prol da restauração deste importante patrimônio. As equipes do Museu e dos escritórios técnicos da UFRJ também têm atuado com resiliência e comprometimento desde os primeiros trabalhos de resgate. Esta obra que iniciamos agora é resultado da forte estrutura de governança que estabelecemos com diferentes parceiros e patrocinadores para realizarmos o sonho de termos de volta o Paço Imperial do Museu Nacional totalmente restaurado e aberto ao público. Que novos parceiros possam se agregar ao Projeto, fortalecendo esta iniciativa”, declarou Denise Pires de Carvalho, reitora da UFRJ.
Planejada para acontecer em etapas, a obra começa pela restauração das fachadas e telhados do bloco histórico, o setor que, ainda hoje, congrega elementos arquitetônicos e ornamentais representativos do período imperial com acervos científicos de grande relevância, como o Bendegó, maior meteorito já encontrado no Brasil.
A obra no monumento histórico vai contemplar ações como a consolidação das alvenarias de pedra, mistas e de tijolos maciços autoportantes e dos vãos de portas e janelas, restauração das esquadrias, ferragens, gradis remanescentes, réplicas e novas portas, janelas, entre outros itens essenciais à restauração do monumento, um bem patrimonial tombado pelo Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (IPHAN).
A execução das obras nos telhados do Paço contempla itens como o fornecimento e a instalação de tesouras metálicas, estrutura de contraventamento e sistemas de proteção contra descargas atmosféricas. A reativação das descidas de águas pluviais e a drenagem para um sistema de reuso também serão executadas. Além disso, as esculturas localizadas no coroamento (topo) do edifício serão conservadas e restauradas nesta fase da obra.
“Este é um dia maravilhoso para nossa instituição e toda a sociedade brasileira. Muito nos orgulha iniciarmos as obras para devolver este que é o primeiro museu do Brasil o quanto antes, com a confiança de que os trabalhos serão conduzidos de maneira articulada com o desenvolvimento dos projetos de arquitetura, restauro, paisagismo e museografia; com apoio nacional e internacional. Apesar dos tempos sofridos que estamos vivendo, esta é uma data a ser comemorada por todos, especialmente aqueles que fazem ciência e cultura no Brasil”, afirmou Alexander Kellner, diretor do Museu Nacional.
Além do constante acompanhamento de consultores especializados na preservação do patrimônio, o projeto, as intervenções arquitetônicas e de restauração são apreciadas e recebem orientações técnicas do Grupo de Trabalho de Gestão de Riscos, Ambiental, Conservação Preventiva e Restauro do Projeto Museu Nacional Vive. O GT agrega especialistas de instituições como o Centro Internacional de Estudos para a Conservação e Restauro de Bens Culturais (ICCROM), Centro de Conservação e Restauração de Bens Culturais da Universidade Federal de Minas Gerais (CECOR), Arquivo Nacional e Fiocruz.
Fotos: Prefeitura do Rio