PUBLICIDADE

saúde

Foto: divulgação

Por: Dr. Leonardo Quicoli, médico cardiologista 

Na maioria dos casos, o diagnóstico da síndrome de Down chega ainda na gestação. Os pais, naturalmente, ficam apreensivos com a notícia, diante das particularidades desta condição genética. Para que as crianças ganhem cada vez mais qualidade de vida, algumas predisposições precisam ser bem monitoradas, como as cardiopatias congênitas, que são as anormalidades na estrutura ou função do coração presentes antes mesmo do nascimento.

Mas qual a relação entre as cardiopatias e a síndrome de Down? Imagine que durante a formação do coração ocorre uma interrupção no processo. Essa parada provoca diversas malformações. Uma delas é a não formação das válvulas cardíacas do lado direito e esquerdo, ficando somente uma válvula única. Essa seria a interrupção mais grave no processo de formação do coração.

Dependendo da intensidade, algumas cardiopatias são consideradas mais simples, ou seja, o processo de evolução do coração pode continuar. Nesses casos, um problema diferente se manifesta, com abertura ou na parede que separa os ventrículos (cardiopatia de comunicação interventricular) ou na parede entre os átrios (cardiopatia de comunicação interatrial). Em ambos os casos, as válvulas dos lados esquerdo e direito ficam bem formadas.

Ao ser diagnosticada a síndrome na gestação, o coração do bebê passa a ser monitorado em exames como o ecocardiograma fetal, conhecido como ecofetal, que não possui contraindicações e fará a avaliação minuciosa das estruturas cardíacas do feto.

Na cardiopatia congênita do tipo mais grave, muitos bebês precisam passar pelo procedimento cirúrgico até o sexto mês de vida. Se retardarem muito a correção por cirurgia, a cardiopatia acaba provocando a chamada hipertensão pulmonar, quando o fluxo muito aumentado de sangue provoca o espessamento das artérias do pulmão.

Entre o primeiro e o segundo mês é que a criança começa a apresentar o que chamamos de insuficiência cardíaca. A quantidade de sangue que vai para o pulmão acaba aumentando progressivamente nestes dois primeiros meses de vida. A pressão pulmonar no padrão fetal, de certa forma, protege o pulmão da criança no nascimento e em seus primeiros dias. Mas quando passa a levar um volume maior de sangue para o pulmão, todo o agravamento da situação vem à tona.

Os bebês com essas cardiopatias chegam ao sexto mês pesando cerca de três quilos apenas. Não ganham peso em função da insuficiência cardíaca, com a dificuldade na alimentação, pelo cansaço e fadiga durante a amamentação, por exemplo.

Por esta razão é importante que os pais estejam atentos a estes sinais e façam o controle adequado com especialistas. Após os procedimentos cirúrgicos nas crianças que recebam esta indicação, a recuperação em grande parte dos casos ocorre de forma bastante satisfatória.