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arte & cultura

Originalmente pichadora do subúrbio do Rio, Panmela Castro se interessou pelo diálogo que seu corpo feminino marginalizado estabelecia com a urbe, dedicando-se a construir obras a partir de experiências pessoais, em busca de uma afetividade recíproca com o outro de experiência similar. Parte disso compõe a sua mais recente exposição individual “Retratos relatos”, que volta ao Rio – depois da estreia no Museu da República e passagem por Goiânia – para uma temporada no Parque das Ruínas, que iniciou nesta sexta-feira (25/11) e vai até o dia 8 de janeiro.

São nove pinturas acompanhadas de relatos das pessoas retratadas, e mais três objetos. Ao todo, são 12 obras que fazem parte da série da artista iniciada em 2019. A visitação é gratuita e pode ser feita de quinta a domingo, das 9h às 16h. A entrada é livre.

– Apesar de trabalharmos especificamente com violência contra mulheres cis, também temos relatos de pessoas trans – conta a artista

Trata-se de uma das ações da campanha “16 dias de ativismo pelo fim da violência contra as mulheres”. Este é o segundo ano em que a Secretaria da Mulher, em parceria com a Secretaria Municipal de Cultura do Rio, investe no trabalho de mulheres que usam a arte para chamar atenção sobre a necessidade de ações para o enfrentamento à violência contra a mulher.

– Trabalhar o tema em todas as áreas, como na cultura, é importante para provocar a reflexão do papel da sociedade na quebra do ciclo da violência – ressalta Joyce Trindade, secretária da Mulher.

“Retratos Relatos” começou em 2019, a partir de mensagens e depoimentos que a artista recebia de dezenas de mulheres de todo o Brasil. Eram relatos de mulheres sobre situações de violência, casos de abuso, racismo, violência institucional, os custos da maternidade, etarismo, gordofobia, transfobia, homofobia, mas principalmente muitas histórias de superação.

A data de 25 de novembro não é ao acaso, mas em razão do Dia Internacional pela Eliminação da Violência contra as Mulheres. No Brasil, em média, uma mulher é vítima de feminicídio a cada sete horas.

Panmela Castro projetada aqui e no mundo

A obra de Panmela Castro já foi exposta em museus ao redor do mundo, como o Stedelijk Museum, em Amsterdã, e faz parte de importantes coleções. Sobrevivente de violência doméstica, a artista desenvolve há quase 20 anos projetos de arte e educação para conscientizar sobre os direitos das mulheres, especialmente por meio da Rede NAMI – associação criada por ela.

Panmela tem dois ateliês, um no Rio e outro em São Paulo. Aos 41 anos, é uma artista e ativista brasileira. Seu trabalho de arte aborda, de uma forma confessional, as relações estabelecidas com a vivência na rua e questões sobre o corpo do outro em diálogo com o seu, entre outras relacionadas à alteridade como a crítica cultural feminista.

Atualmente, a artista tem algumas das suas pinturas reunidas na exposição “Quilombo: vida, problemas e aspirações do negro”, na galeria do Lago no Inhotim (MG). Ela também levou cinco obras suas no projeto “Enciclopédia Negra”, que tem livro publicado pela editora Companhia das Letras e organizado por Lilia M. Schwarcz, Flávio Gomes e Jaime Lauriano. Trata-se de uma exposição que destaca personalidades negras que não foram representadas pela história hegemônica do Brasil.

Parque das Ruínas: Rua Murtinho Nobre 169, Santa Teresa – 2215-0621. Qui a dom, das 9h às 16h. Grátis. Livre. Abertura: 25/11, às 16h30. Até 08/01. 

Foto: Divulgação