Por Claudia Mastrange
Uma mulher talentosa e determinada, que construiu sua trajetória vitoriosa com amor, resiliência e suor. Assim é a apresentadora Gardênia Cavalcanti. Nascida no sertão de Alagoas e criada em Paulo Afonso, na Bahia, ela, além de comandar um dos programas de maior sucesso da Band TV, o programa “Vem com a Gente”, também é madrinha das ações sociais do Santuário do Cristo Redentor, no Rio de Janeiro, nada menos que uma das sete maravilhas do mundo. Ela celebra o excelente momento profissional e a felicidade em família, na vida pessoal.
Gardênia iniciou sua vida profissional quando se mudou para Recife, após a maioridade. Foi executiva por muitos anos, gestora de duas multinacionais no setor de cosméticos, responsável pelo atendimento de todo Norte e Nordeste. Mesmo com todo o sucesso na área administrativa, a empreendedora sempre teve uma ‘veia’ voltada para a arte.
“Atuava no setor de cosméticos e dei várias entrevistas para televisões locais. Por ser muito jovem e ocupar um cargo de destaque, além da experiência no setor de beleza, fui convidada para apresentar um programa local e assim foi o início de uma paixão pela televisão. Fui pioneira no estado de Pernambuco, com um programa de beleza feminina. Há 18 anos, no início, dava dicas e tutoriais de beleza… Assim começou minha trajetória na televisão”, lembra Gardênia.
Durante esse período, ela cursou teatro e tem DRT, porém nunca buscou atuar. Hoje, além de atriz por formação, ela também é jornalista e diz amar a comunicação na totalidade. Após se casar e ter seu filho, começou a escrever uma nova história quando se mudou para o Rio de Janeiro, onde mora atualmente com o marido, o empresário Marcos Rezende, e o filho Miguel . “Aqui (Rio de Janeiro), comecei toda minha história profissional novamente. Recomeço na cidade nova, com novos rumos… Aliás, sou especialista em recomeços”, define-se.
Conheça um pouco mais a história dessa linda mulher, neste bate-papo exclusivo com a Mais Rio de Janeiro.
De executiva de cosméticos a apresentadora de sucesso. Qual o maior desafio e qual o maior aprendizado nessa trajetória?
Da executiva eu trouxe muitas coisas, a questão de lidar com a área comercial e entender o que o cliente precisa, a comunicação comercial. Tenho no sangue a venda e como apresentadora tem o lado artista, o maior desafio foi ter que aprender a desligar a “chave”. Hoje tiro de letra, no início foi difícil. Saber dividir momentos e de certa forma personagens diferentes foi um grande aprendizado. Como apresentadora aprendo a ser leve.
Você precisou ser forte para recomeçar… Deu uma virada na sua vida quando perdeu os pais e o irmão. Como processou toda a dor e transformou em resiliência e determinação para seguir em frente e conquistar seu espaço?
Lembrava diariamente do que prometi à minha mãe. Ela era jovem e, no final, já sabia que não iria ficar com a gente, ela percebia que estava muito grave. Ela segurou minha mão e me pediu: cuide das suas irmãs. Com a morte deles ficamos sem nada, então, eu decidi aos 18 anos que queria refazer minha história. Fui para Recife, lá fiquei trabalhando, estudando e sofrendo inúmeros preconceitos. “Mulher nova e bonita sozinha, em uma capital não deve estar fazendo boa coisa.” Cresci, venci, conquistei meu espaço, sofri muito, mas tenho uma estrutura familiar, é a base que me segurou demais. Tenho fé! Nunca, em nenhum momento achei que seria diferente. Cabeça erguida, bons pensamentos, portas abertas por onde passei e, estou aqui bem, seguindo até o grande abraço em outro plano. Acredito que um dia encontrarei com eles e minha mãe estará orgulhosa dos meus feitos.
Encontrar seu grande amor e ser mãe também te fortaleceram nessa caminhada? O que é a maternidade para você?
Há 13 anos conheci meu esposo e foi tudo muito rápido. Namoramos, noivamos, engravidamos, casamos, tudo em 7 meses. Mudei meu estado civil e minha vida, arrisquei em nome do amor. Sempre sonhei com a maternidade, o nome Miguel estava escolhido desde minha adolescência, “meu filho vai ter nome de santo” e tem! Miguel é meu sonho realizado, amigo, querido, um bom menino. Eu amo ser mãe, não imaginaria passar pela vida e não ter meu menino comigo.
Foi difícil trocar o Recife pelo Rio ao se casar, se adaptou bem?
No início sim, sentia falta do trabalho, fiquei quatro anos em casa, sentia falta dos amigos e de Recife. Mas a beleza do Rio de Janeiro, a alegria do povo contagia e encanta. Hoje sou completamente apaixonada pelo Rio. Sinto falta do Nordeste? Sim, jamais negarei minhas raízes, porém, me sinto feliz e de bem com a vida no Rio de Janeiro.
Você é atriz formada, pensa em atuar? Que oportunidade seria irrecusável nessa área?
Não descarto desafios, sou movida por eles. Acho que fazer um papel que trabalhe com assuntos, que possam ajudar na compreensão da sociedade para um mundo melhor, seria interessante.
Como foi enfrentar a pandemia? Se ‘reinventou’ em alguns setores, aprendeu algo novo?
Tive Covid no início de abril. Não foi fácil porque fiquei muito doente. Vivi a pandemia entre o haras que temos, em Minas Gerais e o Rio. Não senti muito o confinamento, senti medo, senti tristeza por tantas vidas perdidas. Aprendi que não somos nada e que nossos planos não são absolutamente nada perto da vulnerabilidade da vida. Estamos e nada somos.
Acredita que as pessoas aprenderam com tudo por que o mundo passou?
Não sei dizer se aprenderam, vejo tanta gente sem empatia, sem pensar no sentimento do outro. As redes sociais nos mostram o tempo inteiro o quanto muita gente vive o egoísmo. Porém, em um mix de incredulidade e credulidade baseada na esperança e otimismo, desejo que tenhamos aprendido, precisamos. Evoluímos tanto em muitas coisas e retornamos como irmãos. Somos unificados pela criação e seria perfeito um mundo menos egoísta.
Como é ser madrinha de uma das Sete Maravilhas do mundo? Conte-nos sobre a obra e seu engajamento nas ações do Santuário do Cristo Redentor.
De certa forma a madrinha tem a função de acompanhar e confirmar atos solenes como testemunha. Tenho que levar uma mensagem de amor e propagar o que fazemos pelo próximo. O Padre Omar é incansável nessa luta pelos menos favorecidos. O Cristo é nosso cartão postal, uma das sete maravilhas do mundo e muita gente não imagina a quantidade de ações sociais que são realizadas para ajudar aqueles que precisam. São mais de 15 ações, para mulheres em situação de vulnerabilidade, crianças… Durante a pandemia, o projeto em parceria com a Tarde de Maria chegou à marca de 2,5 milhões de pães distribuídos. Então, participar ativamente e ter o título de madrinha é muito especial. Sou apaixonada por Jesus e tudo que for para honra Dele ajudando com amor, tempo, propagando, buscando multiplicadores do bem, será um bálsamo para o meu coração. Convido a todos que não conhecem os projetos a entrarem no site www.cristoredentoreuquerodoar.com.br.
Você sempre participou de ações sociais, acha fundamental que as pessoas busquem esse engajamento de olhar para o outro?
Acho fundamental, para que a cada dia sejamos gratos pela nossa vida. Todas às vezes que nos aproximamos de alguém pensando que estamos ajudando é engano: sempre somos mais ajudados pela energia do bem, que é maior. A vida é uma troca diária, quanto mais damos, mais recebemos. E não estou falando de dinheiro e sim de amor, energia do bem, sorrisos…
Você é religiosa, como exercita sua fé? Tem rituais?
Sou de Deus! Eu penso muito no sentido da vida, do porquê estamos aqui, qual nossa missão? Não acho que estamos por acaso e sim para um aprendizado. Não tenho rituais, penso Nele, converso com Ele. Quando tenho aquele momento mais quieto eu digo: ah! te amo seu lindo! É assim. Ele me sustentou, porque só Ele nos conhece profundamente.
Como foi a retomada do ‘Vem com a Gente’ após a pandemia? O que vem por aí de novidades, inclusive para 2022?
Corajosa! Estreamos em plena pandemia, agradeço demais ao nosso diretor-geral Cláudio Giordani pela coragem e toda a equipe da Band. ‘Vem com a Gente’ chegou com cara nova. Em 2022 vai ser ao vivo, que eu amo, com participação ativa do telespectador. Vamos trazer novos quadros e mais Rio. Somos um programa para mostrar o Rio de Janeiro, quero contar histórias inspiradoras, nossa gastronomia e continuar dando oportunidade para pessoas talentosas se apresentarem. Música e a apresentadora vêm com novidades também( risos).
As mulheres são seu público, e te acompanham há anos, inclusive por conta do ‘Band Mulher’. Acredita que hoje a força feminina está encontrando seu lugar, no mercado de trabalho, na política? O que é fundamental avançar?
Acredito que estamos a cada dia avançando mais na política, mercado de trabalho, porém, ainda temos barreiras para superar. A maior delas é acabar com a onda gigante de violência contra nós mulheres, que cresceu muito nos últimos anos. Li outro dia que uma em cada quatro mulheres acima de 16 anos afirma ter sofrido algum tipo de violência no último ano no Brasil, durante a pandemia de Covid. Sabemos do problema e machismo estrutural que enfrentamos. Quando uma mulher é agredida, ali nasce uma família adoecida. Temos muito a lutar para um futuro sem agressões contra a mulher . Também precisamos, nós mulheres, nos valorizar mais, compreender o verdadeiro empoderamento. Não aceitar mais ou menos. Entender o nosso lugar e nos posicionarmos cada vez mais.
Que dica daria para as mulheres que querem buscar um lugar ao sol e enfrentam machismo, violência, preconceito, resistência da família, autossabotagem…?
Para o machismo a melhor resposta é não aceitar, se posicionar. Pporém, sabemos que muitas sofrem por medo do agressor, porque agressão não é apenas violência física. Há machistas que agridem com palavras e desrespeito todos os dias. Uma palavra que as ofenda já deveria ser um sinal de alerta. Se sofrer a violência física peça socorro e denuncie. Preconceito? Já sofri muito, por ser mulher, e sempre achar que eu poderia chegar onde quisesse. E cheguei. Só fazer valer as suas escolhas e mostrar capacidade.
Sobre autossabotagem, primeiramente, a tomada de consciência de que a pessoa está se sabotando e todas as consequências disso. A origem geralmente está no núcleo familiar. Quando se tem consciência o primeiro passo é entender e se amar muito. Quando nos amamos e nos cuidamos sabemos o quão importante é fazer com que a nossa vida ande positivamente. Repetir para si que é especial. Mais uma vez não aceitar que você se dê mais ou menos. A vida é única e merece ser bem vivida.
Muitos enxergam a televisão como uma caixinha de sonhos… O que recomenda para quem sonha em apresentar, atuar?
Se preparar, entender que é um trabalho de muita responsabilidade. Muitos veem glamour, mas o caminho é árduo. Pés firmes no chão. A visibilidade traz muitas coisas boas e muitos desafios. Portanto, entender que não é fácil, mas todo sonho precisa de garra para alcançar.
Você declarou que já se sente carioca… O que mais curte no Rio e o que acha que pode melhorar na Cidade Maravilhosa e para a população em geral?
Amo a paisagem, é maravilhosa! Às vezes, de casapara o trabalho me deparo com a vista e suspiro, rs. E Ele lá em cima de braços abertos? Meu lugar preferido. Sobre melhoras: mais segurança pública, saúde e empregos. Estamos vindo de um momento mundial difícil, porém, o nosso Rio de Janeiro já vem sofrendo há muito mais tempo. O Rio merece ser bem cuidado, ser amado, temos o cartão postal do nosso Brasil e a cidade mais alegre, não podemos sofrer mais com a insegurança. Acredito em um Rio de Janeiro melhor. Acho que estamos caminhando e vamos ter bons resultados, estou confiante!
Além da TV e da coluna no jornal O Dia, você ainda toca o haras né? Como se divide, sobra um tempinho para o lazer? O que curte fazer nas horas de folga?
Tenho ido pouco ao haras nos últimos meses, devido à demanda do trabalho na televisão. Temos uma boa equipe lá, meu marido é um exímio conhecedor dos equinos, ele cria cavalos desde muito cedo. Adoro cuidar dos detalhes para recebermos da melhor maneira, sou boa na gestão das equipes para que tenhamos um trabalho maravilhoso!
Nos momentos de lazer, amo ver filmes, sair para jantar. Quando estou no haras uma boa cavalgada com a família e amigos em um final de tarde ou às vezes em noite de lua cheia. Pintava umas telas e agora dei uma parada, mas é algo que me dá prazer!
O que deseja para o Brasil e o mundo em 2022?
Desejo que a fome acabe. Dói quando penso que alguém não tem seus direitos básicos atendidos. Desejo menos divisão e mais respeito. Desejo que possamos discutir sem agredir. Estamos vivendo um momento onde falta o respeito e o diálogo, precisamos de mais compreensão e amor. Humanidade!
Fotos e Beleza: Aramis & Freitas