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Rio de Janeiro / Cotidiano

Por Claudia Mastrange

Um desafio e tanto. Assim é a missão de Karla Masetti, gerente geral do Hotel Nacional, no comando desse empreendimento repleto de História e glamour. Mais que um hotel, localizado em São Conrado, no Rio de Janeiro, o local é um Patrimônio da Humanidade e foi reaberto em 2019, pouco antes de o mundo e o setor de Turismo virarem do avesso por conta da pandemia.

Atuando na área de hotelaria há mais de 20 anos, Karla iniciou carreira na Transamerica Hotels Group e esteve à frente de grandes empreendimentos da Atlântica Hotels. Também capitaneou grandes eventos, gerenciando as vilas de mídia da Rio 2016 e a Copa do Mundo de 2014. Agora, a tarefa é igualmente gigante. “Atualmente o meu maior desafio é emocionar as pessoas com o resgate da história deste ícone da hotelaria do Rio de Janeiro”, diz essa paulista, agora moradora do Rio.

Fechado em 1995 por dificuldades financeiras,  o Hotel Nacional chegou a reabrir em 2016, mas encerrou as atividades novamente, após 15 meses. Símbolo do lifestyle carioca, foi palco de importantes eventos como Festival de Cinema do Rio e o Free Jazz Festival, teve seu auge nos anos 80 e 90 e hospedou nomes como Ray Charles, Nina Simone, Charles Aznavour, James Brown e rei do pop, Michael Jackson.

Novos tempos, novo perfil, a atual administração foca em atrair as famílias, que têm à disposição uma gama que inclui serviço de primeira, conforto, entretenimento e o charme ímpar desse gigante, ao mesmo tempo glamoroso e acolhedor. Karla, à frente de tudo, revela, nessa entrevista à  Mais Rio de Janeiro , um pouco mais sobre sua trajetória, a paixão pela hotelaria e os rumos desse trabalho desafiador em nossos tempos.

– Fale um pouco de sua trajetória e experiência profissional. Por que optou por atuar nessa área da Hotelaria? Quando criança sonhava em ser o que?

Vim para o Rio de Janeiro para gerenciar uma das 4 vilas de Mídia da Rio2016, e foi uma mega experiência. Junto com minha equipe, fizemos toda a implantação dos serviços de hospitalidade dentro da Vila e sua administração também. Eram mais de 500 funcionários em um projeto visto pelo mundo todo! Foi incrível, assim como a Copa do mundo de 2014, que também me deu um panorama do que era trabalhar no maior evento de futebol do mundo. E me proporcionou inúmeras experiências. Vi de perto o “7 x 1” da Alemanha no Brasil!

– Qual o seu diferencial profissional, como se definiria?

Sou uma profissional que tem como foco as pessoas e seus valores. Acredito firmemente que o desenvolvimento desta percepção muda a forma de agir das pessoas e as transforma em aliados do negócio.

– Como é gerenciar o tradicional Hotel Nacional? Quais os maiores desafios e a sua proposta para conduzir essa missão? Ainda mais que reabriu em 2019  e logo veio a pandemia…

Atualmente o meu maior desafio é emocionar as pessoas com o resgate da história deste ícone da hotelaria do Rio de Janeiro, trazendo os hóspedes para o hotel e fazendo com que tenham a melhor experiência de suas vidas!

– Patrimônio da Humanidade, repleto de história, ícone da arquitetura e paisagismo… O que mais considera como diferencial do Hotel?  É uma das  joias raras do Rio?

Hotel Nacional: é de fato uma joia da cidade. Cheio de história e arquitetura, tombado como patrimônio histórico, é permeado de grandes esculturas e obras de artistas importantes para a cidade.

O hotel, além de ser um marco na história da cidade, está de volta com grandes novidades. Em julho inaugurou uma área de 200m2 de área: para o público kids, com jogos e brincadeiras especialmente desenvolvidos por psicopedagogas. Todos os monitores foram selecionados por elas e são formados na área de pedagogia também atrações e de preferência recreação infantil e adulto para que possam ficar seguros e curtir o hotel e descansar

No restaurante Sereia, que fica no andar térreo, próximo à piscina temos uma programação semanal, com uma sensacional feijoada aos sábados, que conta com música ao vivo. No Bar do Lobby temos voz e violão todas as sextas e sábados, além do happy hour que será inaugurado no próximo dia 05 de outubro, sempre com um artista ao vivo. E aos domingos voltamos com o famoso e delicioso Brunch do Hotel. Nacional, com Jazz ao vivo.

E é verdade que setembro trouxe mais novidades ?

Sim. Ainda no mês de setembro teremos a inauguração do restaurante The View, que fica na cobertura do hotel e conta com uma vista privilegiada da praia de São Conrado, com culinária mediterrânea pós-moderna, que tem como particularidade aproveitar a matéria prima do alimento com um toque de modernidade e tecnologia. Tudo capitaneado pelo chef Samuele Ranzatto.  Entre outras novidades, teremos também a inauguração de um bar no rooftop, antes do Carnaval.

– Em sua visão, quanto a pandemia impactou no setor hoteleiro e de Turismo?

Na minha visão, o impacto da pandemia no turismo foi muito grande e prejudicial, tanto ao setor quanto à economia. O setor emprega profissionais nos hotéis, agências de viagens, aeroportos entre outros negócios que dependem do turismo para funcionar.

– Como tem visto a retomada dos eventos, com a economia e o Turismo acelerando as turbinas novamente?

A retomada do turismo nos trouxe uma nova realidade com uma demanda regional. As pessoas têm sentido necessidade de sair de casa, mesmo que em suas cidades e curtir os hotéis mais próximos e que tenham atrações, de preferência recreação infantil e para adultos, para que possam ficar seguros e curtir o hotel e descansar.

Qual o perfil atual dos hóspedes?

Cerca de 70% da nossa ocupação tem sido do público nacional. Todos aguardamos a retomada dos eventos e congressos, outro nicho importantíssimo para a nossa área.

O hóspede pós -pandemia é mais sensível, e requer mais carinho e cuidado por parte da equipe, além de ser mais reativo e falar mais sobre o que gosta e o que não gosta, o que para nós é importante, pois acreditamos que o cliente que faz críticas positivas está sempre interessado em voltar!

Qual a expectativa para o fim de ano, especialmente o Rèveillon, além do Carnaval em 2022 e outras programações, nessa retomada?

As expectativas para o Réveillon são ótimas, já temos reflexos na ocupação do hotel com muita procura por pacotes. Para o carnaval, teremos novidades também e a procura está grande.

Histórias do Hotel Nacional  

Projetado em 1968 por Oscar Niemeyer e inaugurado em 1972, o Hotel Nacional originalmente teria 55 andares e duas torres residenciais. A dificuldade da indústria turística por conta da inflação em 1970, fez com que a obra fosse reduzida a 33 andares.

O jardim de Burle Marx, criado junto coma fundação do Hotel, possui 2 mil metros quadrados e mais de 46 tipos de plantas da flora tropical brasileira. O intuito do artista era reproduzir  um movimento sinuoso entre as pedras portuguesas com a vegetação nativa. Um espaço para “contemplar e estar”.
Burle Marx, o “artista de jardins” tornou-se um sinônimo de paisagismo pelo mundo, além de diversas outras habilidades artísticas. Em 1930, Burle Marx conheceu Oscar Niemeyer na Escola Nacional de Belas Artes do Rio de Janeiro. Eles se tornaram amigos e deixaram um legado artístico incrível pelo país e no mundo… Um deles o Hotel Nacional.

Além da arquitetura e do paisagismo, o hotel também ficou conhecido por suas obras de arte, como a escultura Sereia, de Alfredo Ceschiatti, o candelabro de Pedro Corrêa de Araújo e o painel de Carybé, instalado no lobby e composto por 300 peças de concreto armado, que permanecem até hoje.

O centro de convenções do Hotel Nacional era disputadíssimo e, em seus salões, abrigava memoráveis bailes de carnaval, que atraíam turistas do mundo todo, socialites e políticos.

Em 1998, o hotel foi tombado como Patrimônio da Humanidade. Agora em nova fase, certamente ainda terá muitas histórias para viver e contar.

Fotos: Divulgação