A incrível composição arquitetônica do Museu de Arte do Rio (MAR), constituído a partir de dois grandes prédios em diferentes estilos que são interligados, em plena Praça Mauá, Zona Portuária do Rio, já é por si só uma edificação digna de ser admirada, como as boas e impactantes obras de arte.
No palacete Dom João VI, tombado e eclético, fica o Pavilhão de Exposições que abriga oito amplas salas, dedicadas às mostras de curta e longa duração. Ao seu lado, em uma edificação moderna– originalmente um terminal rodoviário –, está instalada a Escola do Olhar, onde são realizados vários cursos e atividades com foco em inscrever a arte no ensino público.
Inaugurado em março de 2013, o MAR tem uma proposta inovadora de dialogar com o público, promovendo sempre a interação das pessoas com a história da cidade, a arte e o cotidiano, incentivando a reflexão e todas as formas de expressão artística e de manifestações culturais e sociais.
Espaço proativo de apoio à educação e à cultura, o museu já nasceu com uma escola – a Escola do Olhar –, cuja proposta museológica é inovadora: propiciar o desenvolvimento de um programa educativo de referência para ações no Brasil e no exterior, ao conjugar arte e educação a partir do programa curatorial que norteia a instituição.
Acervo com 8 mil itens e 1481 livros
Seu acervo conta hoje com quase 8 mil itens museológicos, mais de 7 mil arquivísticos e cerca de 16 mil bibliográficos, dos quais 1.481 são livros de artistas. É a primeira coleção de arte concebida para o município do Rio de Janeiro. O espaço, que contou com o patrocínio do BNDES para as obras de expansão, apresenta ao público uma área visitável. Um cubo de vidro permite que os visitantes possam conferir o que acontece lá dentro.
Há obras de arte contemporânea, mas também históricas. A imagem de “São José de Botas”, de Aleijadinho, é um dos destaques da coleção. O MAR é o único museu do Rio com uma obra do artista mineiro. Há ainda trabalhos de nomes emblemáticos da arte moderna, como Tarsila do Amaral, Guignard e Pancetti.
Contudo, a natureza do acervo é etnográfica abrangendo coleções específicas, como as de Arte Indígena, Afro-Brasileira, Africana, Quilombola, Judaica, Islâmica, Sacra e, recentemente, uma coleção de Arte Pré-Colombiana.
Crânio de Lagoa Santa e roda dos excluídos em exposição
O MAR e o Instituto Histórico e Geográfico Brasileiro (IHGB) inauguraram a exposição Imagens que não se conformam, em cartaz até outubro, de quinta-feira a domingo, com entrada gratuita. A mostra reúne obras históricas e contemporâneas.
Entre os destaques, o crânio do homem de Lagoa Santa. Descoberto entre 1801 e 1890 pelo dinamarquês Peter Wilhelm Lund nas grutas da região mineira de Lagoa Santa, o crânio é um símbolo da história da ciência no Brasil do século 19 e tem cerca de 11 mil anos.
“Há peças que surpreendem, como a pá que dom Pedro II usou para inaugurar a obra da primeira estrada de ferro brasileira, e peças que emocionam, como a famosa Roda dos Expostos (da Santa Casa de Misericórdia), usada para receber crianças abandonadas por suas famílias”, conta Paulo Knauss, sócio do IHGB.
O museu segue todas as normas de segurança da OMS e, por isso, são admitidas na galeria até 20 pessoas por vez. Vale conferir.
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