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saúde

Foto: divulgação

 

A Covid-19 exigiu uma verdadeira corrida contra o tempo. Conforme o número de óbitos aumentava, médicos e cientistas eram pressionados a entender a ação do coronavírus, pesquisar formas de tratamento e prevenção da doença e encontrar uma vacina. Tudo isso em caráter de urgência. Passado um ano, ainda há o que se descobrir sobre a doença. Mas uma constatação feita lá atrás não mudou: pessoas obesas correm mais risco de morrer.

“Os estudos que estão sendo conduzidos no momento expõem o fato de que o coronavírus se multiplica mais ativamente nas células de gordura, os adipócitos, e dessa forma, os pacientes possuem uma carga viral mais elevada, ocasionando uma manifestação mais intensa da doença”, diz o cirurgião Victor Lunau, que trabalhou por meses no Hospital de Campanha do Rio de Janeiro.

 

Dr. Victor Lunau, médico cirurgião

O profissional lembra que a obesidade é considerada mórbida quando o paciente possui um índice de massa corporal (IMC) acima de 40. E alerta que quem está nesse grupo está sujeito a outros problemas em decorrência da Covid-19. “Os pacientes podem desenvolver pneumonias, trombose, insuficiência renal, isquemia, AVC, insuficiência respiratória grave, sepse, entre outras e também agravar doenças que estavam previamente sob controle”.

É difícil especificar o grau de sobrepeso que coloca o paciente no grupo de risco. Afinal, trata-se de uma doença recente. “Mas quanto mais afastado desse grupo, melhor é o prognóstico para o paciente”, declara o especialista. “A obesidade oferece 46% mais risco de contrair Covid-19, 113% mais risco de precisar de internação hospitalar, 74% mais risco de o paciente precisar de UTI, 66% mais risco de utilizar ventilação mecânica invasiva e 48% mais risco de morte”.

Maior atenção ao obeso

Victor Lunau detalha a atenção que um obeso com Covid-19 requer. “Os procedimentos que envolvem o manejo do paciente com Covid-19 incluem mudanças de decúbito no leito, pronação, acesso venoso, punções venosas seriadas, exames de rotina, intubação, tomografias, entre outros. Isso é extremamente mais difícil no paciente obeso devido as questões físicas, excesso de peso e dimensões, aumentando ainda mais o esforço a ser desempenhado pela equipe”.

De acordo com o médico, o paciente obeso irá requisitar mais cuidados devido ao maior número de complicações que ele poderá desenvolver. “A internação será prolongada”. Ele cita como exemplo um estudo feito com pacientes que foram submetidos a cirurgias bariátricas. “A necessidade de ventilação mecânica foi 33% menor e o índice de mortes 50% inferior, quando comparados à pacientes obesos que não foram submetidos à cirurgia. Demonstrando nesse estudo o efeito protetivo da cirurgia nesta população”.

Não bastasse tudo isso, é preciso contar com o pleno funcionamento dos equipamentos na UTI. “A força que um respirador mecânico precisa fazer para manter os pulmões oxigenando o sangue é muito maior do que o necessário em um paciente não obeso. A pressão alta aplicada para manter o pleno funcionamento do pulmão, pode gerar danos ao próprio órgão, sendo necessários novos procedimentos para corrigir esses danos”.