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arte & cultura

Com bioma característico da Mata Atlântica, o Parque da Cidade, na Gávea, na zona sul do Rio de Janeiro, é uma área de jardins e mata, cortada pelo rio Rainha. Além da imensa área verde, com espaço para piqueniques e recreação infantil, o local abriga espécies raras da mata nativa, como o pau-brasil, o ipê-amarelo, além de mamíferos e pássaros em extinção, como o tucano-do-bico-preto e o sabiá-laranjeira.

Outra bela atração do Parque é o Palacete do Museu Histórico da Cidade, que, depois de 10 anos sem visitação e passando por obras, foi reaberto em 18 de maio, data em que se comemorou o Dia Internacional dos Museus. O solar do início do século XIX teve o interior e a fachada restaurados.

Segundo a prefeitura do Rio, a reabertura do museu marca a retomada gradual das atividades ao público nos equipamentos culturais, respeitando os protocolos sanitários. Por conta da pandemia de covid-19, haverá controle do número de visitantes, restrito a grupos de 15 pessoas por vez.

A retomada é marcada por uma exposição de longa duração com 482 peças do acervo de 24 mil itens do museu desde estandartes do século XIX, aquarelas de Debret e gravuras de Thomas Ender até os planos para a abertura da Avenida Central e objetos do dia a dia dos moradores do Rio.

O projeto básico de reforma foi desenvolvido pela Rio-Urbe, que contratou e fiscalizou a obra do museu, orçada em cerca de R$ 4 milhões. A sede principal e a capela foram totalmente restauradas e o casarão, adaptado para deficientes físicos com a inclusão de um elevador e rampas de acessibilidade.

Na reinauguração, o prefeito Eduardo Paes afirmou que vai apostar na cultura como principal fator de retomada do desenvolvimento e de renascimento do Rio. “Os moradores vão poder frequentar, fazer daqui um programa, aprendendo a história do Rio e também convivendo neste local que é a cara da cidade”, disse Paes, revelando ainda que o local fez parte de sua infância. “Tive algumas festinhas de aniversário aqui, quando era criança. Minha avó tinha a mania de trazer os netos para fazer piqueniques no Parque da Cidade… É um espaço lindo, fantástico”, destacou.

Relíquias e curiosidades locais

O Museu Histórico guarda relíquias da cidade e do urbanismo (Foto Beth Santos/Prefeitura do Rio)

Uma das relíquias guardadas no Palacete é uma arca onde ficava o dinheiro arrecadado pela tributação do vinho para a construção dos Arcos da Lapa, com uma curiosidade que diz muito sobre a realidade do nosso país. O objeto tinha três chaves, e cada uma delas ficava com uma personalidade política da época, século XVIII. A arca só podia ser aberta quando os três se juntavam. A obra de construção dos Arcos durou cem anos. Uma luta histórica.

Uma parte importante do acervo de raridades dispõe de peças doadas por ex-prefeitos do Rio. Uma tradição. Pedro Ernesto e Pereira Passos, por exemplo, doaram mobiliário, louças de porcelana e condecorações. Um aparelho de jantar completo do primeiro e um guarda-casaca em madeira do segundo integram a coleção, que tem ainda documentos de Carlos Sampaio e placas de homenagens de Cesar Maia.

O grande destaque, no entanto, é uma estátua toda em mármore, sem autoria, herdada do eclético Palácio Monroe (antigo Senado Federal), demolido em 1976, por decisão do então presidente Ernesto Geisel. “A festa” é o nome da obra na forma de uma mulher segurando um pandeiro.

Chamam atenção também a escultura da cabeça do Cristo Redentor feita pelo franco-polonês Paul Landowski nos anos 1920 – que inspirou o monumento -, fantasias de Clóvis Bornay, fotos de Marc Ferrez e Augusto Malta, pinturas do italiano Eliseu D’Angelo Visconti e uma canoa Maori presenteada pelo Consulado da Austrália pelos 450 anos do Rio, em 2016.

Exposições temporárias na casa de banhos

Pertinho dali, o Pavilhão de Exposições Temporárias do Casarão (antiga casa de banhos da propriedade) também será reaberto, depois de pouco mais de um ano fechado em razão da pandemia. Inaugurado em 2016, o imóvel de estilo colonial e três andares receberá, até maio do ano que vem, a mostra “Rio de Festas, a cidade como palco”, a partir da coleção do Museu Histórico da Cidade.

O recorte é uma reflexão sobre o retorno às ruas pós-pandemia e o sentido das festas, por meio dos diversos eventos que a cidade do Rio abriga, dos carnavais às rodas de samba. Estarão expostas 17 peças do acervo (bustos e placas) e mais de 60 reproduções, incluindo textos do escritor, professor e historiador Luiz Antonio Simas.

A exposição revela, através das festas, diferentes formas de viver e ver o mundo, ampliando a percepção da cidade e sua história, além de ressaltar a importância do festejo como ato fortalecedor de laços sociais.

No complexo também tem uma capela, aberta à visitação aos sábados e domingos, e o Café Épico, com opções de lanche, cestas de piqueniques (nos fins de semana) e seis mesinhas com ombrelone ao ar livre.

 Curiosidades do Museu da Cidade

–          Palacete: o primeiro andar é de 1820

–          Foi fazenda de café e tudo foi replantado, não tem mata nativa

–          O último morador foi Guilherme Guinle (1882-1960), que viveu ali por dez anos. Em 1939, ele vendeu a propriedade para a Prefeitura do Distrito Federal (como era chamada na época – depois, de 1960 até 1975, Estado da Guanabara). O empresário reuniu por lá animais e plantas da Mata Atlântica, chegou a construir um orquidário com mais de cem espécies. O artista plástico luso-brasileiro Fernando Correia Dias (1892-1935) – marido da escritora Cecília Meireles (1901-1964) – fez o projeto arquitetônico.

–          O abolicionista Marquês de São Vicente (1803-1878) foi o dono da chácara de 1858 a 1878.

–          O maior acervo é do Pereira Passos (1836-1913), tem o quarto inteiro do ex-prefeito lá.

–          A Associação de Amigos do Museu surgiu nos anos 1970: a segunda mais antiga do Brasil, atrás apenas da do Museu Histórico Nacional.

 

Serviço

Museu Histórico da Cidade/Parque da Cidade:

Estrada Santa Marinha s/nº, acesso pelo final da Rua Marquês de São Vicente, Gávea – (21) 3443-6341 / (21) 97532-4428. mhcrj.culturario@gmail.com

Quinta a domingo, das 9h às 16h, visitação de acordo com o protocolo estabelecido pela Prefeitura do Rio. Haverá monitores para tirar dúvidas e controle do número de visitantes por vez. Palacete: grupos de até 15 pessoas. Casarão: grupos de até 20 pessoas. Grátis.

Informações: (21) 2976-1246

Fotos Divulgação / Gui Espíndola