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Rio de Janeiro / Cotidiano

 Por Claudia Mastrange

Valentina Herszage esbanja talento e beleza na telinha. Depois de estrear nas novelas em Pega Pega, em 2017, na pele da Bebeth, uma jovem ainda saindo da adolescência com muitos conflitos e que tinha como melhor amigo um canguru, agora, a atriz, de 23 anos, explode sensualidade e determinação nas telas, como a ousada Flávia de “Quanto Mais Vida, Melhor!” e confessa ser parecida com a personagem, já que é intensa e apaixonada.

Na trama, mais uma vez ela divide a cena com Mateus Solano. O ator viveu seu pai em “Pega Pega” e , agora, vive o médico Guilherme,é alvo da paixão da impetuosa personagem da atual trama das sete. “Temos um trabalho juntos muito valioso e potente…  A gente se emociona juntos em cena e isso transparece”, diz Valentina sobre o companheiro de cena.

Atriz versátil, Valentina já interpretou Hebe Camargo (2019) na série homônima e  ganhou prêmios por sua atuação em cinema, arte pela qual é mais que apaixonada, inclusive para curtir em seus momentos de folga. Foi na Sétima Arte que ela iniciou a carreira em 2009, com o filme “Direita é a Mão que Você Escreve”. Em  2015, seu trabalho em “Mate-me Por Favor” lhe rendeu o prêmio de  Melhor Atriz,  no Festival do Rio e o Bisatto D’Oro, do Festival de Veneza.  E outros vieram.

Logo, logo  a atriz poderá ser vista novamente na telona. “Em março estreio o filme “Raquel 1.1”, da Mariana Bastos, no Festival SXSW, no Texas (EUA) e em 2023 deve estrear “O Mensageiro”, de Lúcia Murat, em que vivo um guerrilheira. No momento estou numa folguinha após as gravações, mas em breve vou gravar uma série”, diz ela, que adora curtir  o Rio e suas programações ao ar livre. “Curto muito. A cidade é solar!”, afirma.

Confira  nosso bate-papo exclusivo com a atriz:

– Você é filha de uma psicanalista e um empresário. O que te levou ao caminho das artes?

Meus pais não são artistas em ofício, mas sempre foram amantes das artes, das artes cênicas, do cinema, da música e eu sempre tive em casa esse tipo de contemplação, homenagem aos artistas, né. Eu sempre falo que um dos meus filmes preferidos é “Hair”, de Milos Forman, que assisti a primeira vez com 5 anos, com meu pai. Eu não entendia inglês, não entendia nada, mas gostava das músicas e da euforia daquilo. Então, com 5 anos eles me colocaram numa escola onde eu fazia dança sapateado, canto, teatro e circo e aí, no meio disso tudo, realmente não tinha como eu ser outra coisa.

– A família sempre a incentivou? Seus pais curtem te ver na telinha hoje?

Meus pais sempre me incentivaram absolutamente.Sempre foram muito torcedores assim para que eu seguisse meus sonhos, meus desejos, lutasse pelo acredito, pelo que eu quero. E eles assistem à novela agora “Quanto mais vida melhor” e, antes, todos os dias, assistiram “Pega-Pega”. Na época do “mate-me por favor” eles foram ao cinema pra lá de 10 vezes. Na série da “Hebe” também, eles foram super entusiastas da produção. Eu acho que esse apoio é muito importante. Meu irmão também assiste tudo, a gente gosta de celebrar esses trabalhos, essas exibições e eles acompanham também o trabalho duro né, do ator, o dia a dia.Então poder assistir durante processo das gravações, no qual eles não fazem a menor ideia o que vai sair,  é uma delícia ….poder dividir essa surpresa com eles.

Em seu primeiro longa você ganhou prêmio de crítica no Rio e em Veneza né? Conta um pouco como foi e sensação  dessa conquista? Cinema é sua praia?

Foi uma sensação indescritível assim, porque foi meu primeiro encontro com o cinema, foi a primeira vez que senti que eu queria levar aquilo como profissão, como ofício, como estudo mesmo. E quando rodei o filme eu tinha 15 anos. E a personagem tinha 15 anos, então eu estava vivendo as mesmas descobertas, revelações e angústias da personagem. Então foi muito profundo nesse sentido. E o festival de Veneza foi um sonho assim; até hoje eu fico achando que estava sonhando, que foi um delírio.. Foi muito lindo ter uma passagem pelo Festival do Rio, que é um festival tão importante para a cidade do Rio de Janeiro.Espero passar muito mais vezes. E sim, definitivamente cinema é a minha grande paixão sim, principalmente cinema nacional, que eu acho que tem que ser cada vez mais valorizado pela grandeza que ele tem.

– Mateus Solano foi seu pai em Pega Pega, e agora é o amor platônico de Flávia de “Quanto Mais Vida, Melhor”. Como vê essa diferença de trabalho com Solano? Vocês brincam sobre isso?

Olha, eu e Mateus somos muito ligados e a gente tem um trabalho juntos assim que eu considero muito valioso, muito potente, muito verdadeiro. Então, eu acho que independente da gente fazer pai e filha, de a gente fazer casal ou de a gente, num próximo trabalho, ocupar espaços diferentes e estarmos juntos, acho que o mais importante é essa relação, esse jogo de cena né? Essa troca que a gente tem, essa  confiança que a gente tem, a intimidade. Eu acho que a gente ficou com um certo medo  dessa recepção do público, por a gente ter sido pai e filha. E foi, ao mesmo tempo, uma surpresa muito maravilhosa como o publico abraçou a gente, acreditou nesse casal porque a profissão é essa mesmo, é uma brincadeira. A gente pode brincar e a gente pode exercer diferentes papéis contanto que a gente tenha uma boa troca enquanto atores. Então eu acredito que esse casal “FlaGui” que se formou aí que tem esse calor do público. Ele foi criado muito em cima de uma relação muito íntima minha e do Mateus né, que a gente quis criar. Fomos descobri qual esse lugar desse casal, onde é que a gente poderia tocar o público e, ao mesmo tempo, a gente se emocionar. A gente se emociona juntos em cena e isso transparece, independente da dupla narrativa que a gente vai formar.

Seu perfil de personagem também foi de um extremo a outro, da Bebeth, menininha que falava com canguru, ao mulherão que rodopia no poste de pole dance.  Como foi essa transformação?

Essa transformação foi muito rica para mim assim, porque eu guardo também a Bebeth no lugar muito bonito em mim assim. Foi o primeiro trabalho na televisão, então  acho que eu tava com esse olhar novo, de descobrir as coisas, de descobrir o fazer de televisão e a Bebeth era essa personagem também que estava descobrindo a sexualidade dela, os desejos, os medos, os pânicos… É poder trabalhar esse lugar da ansiedade da análise de uma personagem que tem tantos contrapontos e tão profunda. E agora poder também ja mais velha, estou com 23, e fazendo uma personagem jovem, livre, criada na noite, que fala o que pensa, empoderada, feminista… Então foi legal porque a Flávia já começa na história sendo essa mulher, e a Bebeth, por outro lado,  se transforma ao longo da novela.

A atriz com os parceiros cena., em “Quanto Mais Vida Melhor!” Foto: Stevam Avellar/TV Globo

-Ela também vai mudando, com o que vai vivendo…. E com a possibilidade de morrer, me?

A Flavia também se transforma, mas não nesse sentido do colocar-se não. A Bebeth tinha essa dificuldade de se colocar, e às vezes ela às vezes era um pouco agressiva na forma de falar, ou era um pouco, ou isso fazer a mal a ela, eu acho que a Flávia não ela já fala ela tem impeto, esse impulso. E daí milhões de coisas que vão acontecer com ela a partir disso. Mas eu acho que essa ponte foi muito linda das duas personagens. E que também tem muito a ver com o meu momento também de amadurecimento né, e de me sentir mais solta e mais livre. Acho que as personagens vieram em ordens perfeitas.

– Fisicamente você também se preparou para a personagem?

Sim, quando eu soube que eu ia fazer o pole dance, não tinha nenhuma experiência com pole dance.Comecei a procurar um preparador físico porque queria me fortalecer, queria ganhar força não só para o pole dance, mas para aguentar esse ritmo de protagonista de novela. É muita gravação; você quase que se exercita como um atleta. Então, de repente, a pandemia surgiu a novela ficou um pouco suspensa,. Não sabíamos quando ia voltar e eu continuei treinando continue fortalecendo. Porque o pole dance é muito difícil e você tem que ter técnica, você tem que ter ritmo e também força. Você tem que saber também se curtir e encontrar esse lugar da sensualidade, que acho que foi aonde eu mais ganhei com essa preparação. Então eu fiz sim, um treinamento para poder chegar lá com mais resistência assim, com mais força.

A Valentina é mais para doce menininha Bebeth ou mais mulherão, cheia de personalidade, como a Flávia?

Olha, eu acho que a Valentina é um encontro desses dois lugares. Eu diria que a Valentina é o encontro de todas as personagens que eu já fiz, mas eu não diria nem que é uma mulher que fala o que pensa, que não pede licença para existir. Acho que essa talvez seja uma mulher que eu mire cada vez mais, mire ser né? A Flávia é uma personagem que eu gostaria de ser cada dia mais enquanto mulher. Mas eu também tenho esse lado de fato doce, acho que um lado muito sonhador que a Bebeth tem, acho que eu tenho muito também.E essa característica da Flávia, de se apaixonar, e viver intensamente também compartilho muito dela. Mas eu ainda tenho dificuldade do dizer né, e Flávia não. Ela diz. E daí, o que vem depois disso, ela vai aprender a lidar. Vai dar um jeito dela, vai se meter nas confusões dela. Então seria um pouco de um meio termo.

– As empoderadas ganham mais o público hoje que as mocinhas românticas de antes?

Eu acho que os personagens que mais ganham o público hoje em dia são os personagens que conseguem passear por todos esses lugares. Pelo empoderamento, pela fragilidade, pelo romantismo, pela desilusão, pelas fragilidades. Eu acho que hoje em dia a gente está caminhando para um lugar em que as coisas não são uma coisa só, então, a gente constrói personagens pensando nessa multiplicidade deles,  daquilo que eles e ecoam de alguma forma mais humana e que a gente possa se identificar. Então eu acho que, fazendo uma junção aí dessa pergunta, eu acho que as personagens são que conquistam o público são aqueles que passeiam por todos esses lugares. Acho que a força do personagem feminino são justamente as contradições onde existe um empoderamento e onde existe as fraquezas também né

-Você já disse que tinha a sensibilidade em comum com Bebeth, e com a Flávia..o que mais curte na personagem?

Acho que uma das coisas que eu mais curti fazer Flávia, é porque é uma personagem muito dinâmica, com ímpeto muito grande, um impulso muito grande. Uma personagem que eu tive ,de uma certa forma, que me jogar de fato, ousar e daí começar a colher né? Aquilo, é as consequências desses impulsos dela. Penso que seria bacana  se eu tivesse divertimento também da personagem, de poder me soltar e poder fazer coisas inesperadas. Porque ela é uma personagem surpreendente, né. E ela se relaciona com todos os personagens da história, é uma personagem que passeia por muitos núcleos. Tive esse tipo de felicidade com a Flávia. Enquanto a Bebeth tinha a sensibilidade, essa construção acho que mais lenta, das sensações, das emoções e uma personagem que tinha dificuldade de dizer aquilo que estava sentindo. Então ela transbordava no corpo por conta dos ataques de pânico que tinha. Os delírios com o canguru. As duas personagens que caminharam para mim em processos diferentes, diferentes enquanto atriz.

 Ela esta apaixonada e é muito intensa… e a Valentina?

A Valentina também é muito apaixonada, muito intensa, muito. É realmente uma característica, um desejo da Flávia latente né? Que a gente vê desde o primeiro encontro que ela tem com a morte. Ela fala: eu preciso me apaixonar antes de morrer, e eu me identifico 100% e 100%. Gosto de me apaixonar, gosto de namorar, gosto de me aprofundar nas pessoas e compro sempre a viagem.

Como foi gravar toda a novela na pandemia e já saber o final? É muito diferente? Que balanço faz desse trabalho?

É muito diferente sim, é muito diferente por ser uma obra tão longa né? E a gente vai ali fazendo o desenho da nossa personagem com aqueles  capítulos que vão surgindo para gente né, e com ajuda do resto do elenco, da equipe, dos diretores. Mas é uma experiência muito única realmente como foi `”Pega-pega”, poder ter esse retorno do público enquanto a gente grava, porque eu acho que é um gás muito importante que a gente infelizmente não teve nessa novela.Acho que o gás de “quanto mais vida melhor” vem justamente nesse momento delicado em que a gente já não encontrava as pessoas há muito tempo.A gente tava com saudade desse calor, desse encontro, desse olho no olho, dessa sensação de alegria, de criar juntos, e vamos conviver juntos. Então foram dois processos também que eu acho que com motores diferentes né. E tá sendo legal também.

– E como sente a reação do público?
A gente já tá com tudo gravado, então, a reação do público é sempre uma surpresa. A gente nunca sabe o que eles não vão sentir, acha.. O que posso dizer é que até agora eu tudo tem sido muito lindo. E mesmo as críticas, têm sido críticas de pessoas que estão assistindo a novela, que estão envolvidas na história. Sou fã do texto do Mauro sou fã na direção do Alan. Então acho que esteja sendo, acredito, uma novela para divertir as pessoas e fazer as pessoas sorrirem.E acho que é o que tem acontecido de fato.

 –  Que outros tipos de personagens sonha fazer?

Ah eu acho que tem muitos personagens ainda que vão surgir para mim e eu to, assim, de braços abertos para receber todos eles, com todas as características múltiplas diferenças ecléticas. Não tem um personagem específico na minha cabeça. Eu acho que até agora tenho feito personagens muito diferentes uns dos outros e isso me deixa muito feliz. Então eu estou muito aberta para que vier.

Soube que você vai estrelar alguns filmes que estreiam em breve, pode falar sobre esses trabalhos?

Em 2021 eu estreei um filme no cinema do Vinícius Reis chamado “Homem Onça”, que fala um pouco sobre a era das privatizações. E foi muito lindo poder lançar esse filme nesse momento que a gente tá aqui do Brasil, poder discutir essas questões. Em março vou estrear no Festival SXSW (South by Southwest é um conjunto de festivais de cinema, música e tecnologia que acontece toda primavera em Austin, Texas, Estados Unidos.) o filme “Raquel 1.1”, da Mariana Bastos, uma diretora Paulista. Rodei em 2019.  O filme que fala sobre uma menina evangélica que começa a se aprofundar na Bíblia e, nessas questões religiosas e dentro desse universo, começam a surgir muitos questionamentos interessantes e, acho, construtivos para o que seria essa religião. Aborda como podemos transformar o olhar para essas coisas. E, no final de 2021 logo depois da novela, eu rodei um filme chamado “O Mensageiro”, da Lúcia Murat, uma diretora carioca. É um filme sobre a ditadura e conta história de uma guerrilheira presa em 69. Ela começa a ter uma relação próxima de amizade com um militar, e ele começa a fazer uma ponte entre ela e a mãe.Ele começa a levar cartas dela para mãe. O filme gira em torno desses três personagens> Acredito que o filme deve ser lançado imagino no início de 2023.

– O que vem por aí em 2022 na arte e na vida?

Em 2022 eu estou agora no momento de pausa, de descanso das gravações. Mas em  breve eu vou voltar aos trabalhos e gravar série “Fim”, escrita pela Fernanda Torres e dirigida pelo Andrucha Waddington. Começamos a gravar antes da pandemia tivemos que parar, a princípio era por duas semanas, que se tornaram 2 anos. Então, vamos voltar a filmar. E na vida, olha, eu espero que muita  esperança, muita arte, muitas surpresas. Eu também espero que, nesse ano de 2022 a gente consiga tem uma eleição mais consciente, que todos possam ir até as urnas, e que a gente possa voltar para o Brasil diferente e um Brasil melhor. Então essas são as minhas vibrações para 2022

Como cuida da forma, da alimentação? Curte se exercitar ou fazer esportes?

Olha, eu tenho uma alimentação muito equilibrada, tenho uma relação muito saudável com a comida.Como muito bem durante o dia, durante a semana, mas também me permito comer um hambúrguer, uma pizza, um japonês assim. A alimentação nunca foi uma questão para mim, que me impedisse de ver de comer coisas que eu gosto. Acho que sempre tive uma relação com a comida muito saudável e isso vem muito da minha família. Todo mundo também se alimenta bem e também se permite ser feliz e aproveitar outras coisas. E eu gosto de me exercitar sempre fiz dança, sapateado, circo. Agora eu tenho feito vôlei também, e também acho que nessa profissão do ator para a gente está sempre em movimento sempre tendo que exercitar o corpo e trabalhar essa expressão corporal né.

– O que gosta de fazer em seus dias de folga? Qual o dia perfeito?

 Nossa! No meu dia de folga definitivamente vou ao cinema, vou comer uma comida japonesa, que acho que é a minha comida preferida, vou estar com os meus amigos, estar com minha família. Se eu se eu puder ter mais um dia de folga, com certeza, vou viajar para um sítio, para uma casa de praia. Mas acho que logo penso realmente no cinema, nos filmes… Em poder me atualizar.

– O que curte fazer no Rio de Janeiro?

Olha, eu curto muito. Curto ir à praia, curto mureta da Urca, que eu acho que é um lugar muito gostoso de passar um final do dia, à noite. Eu gosto de andar na Lagoa… A cidade é muito solar.Então uma cidade que te convida o tempo inteiro a sair de casa.E meus amigos todos são do Rio.Então, a gente sempre marca alguma coisa na casa de alguém, de ir para  a praia juntos. De ir ao cinema, pois que o Rio tem cinemas muito, muito, muito legais. Então acho que é isso.

Fotos Larissa Kreili e Divulgação Globo